11º Colóquio de Moda - Parte 2

By | segunda-feira, setembro 14, 2015 Leave a Comment
Conferência Internacional Moda e Sustentabilidade com Alison Gwilt

Dando sequência a nossa série de posts sobre a 11° Edição do Colóquio de Moda, na noite de sexta-feira, 04, Curitiba contou com a presença da designer Alison Gwilt, pesquisadora e especialista na área de sustentabilidade em têxtil e moda. Gwilt, na oportunidade também lançou e autografou seu livro "Moda Sustentável".

Conferência Internacional com Alison Gwilt no terceiro dia do Colóquio de Moda. 



A capa do livro de Gwilt Moda Sustentável, um guia prático, o qual lista os impacto socioambientais relacionados ao ciclo de vida dos produtos e analisa as estratégias que os estilistas podem adotar para avaliá-los durante o processo de criação. 


Alison comentou que atualmente, com a facilidade na aquisição e os baixos preços, as roupas não têm valor nem mesmo para a própria marca, o que gera essa onda de consumismo desenfreado. Segundo ela, os designers são os grandes influenciadores no tempo de vida dos produtos e tem hoje a missão de criar um produto esteticamente não enjoativo para prolongar a vida útil das roupas. A sustentabilidade, dessa forma, se configura como uma oportunidade para os designers serem criativos.

Durante sua conferência, Alison frisou que uma das dificuldades em unir moda à sustentabilidade é a de manter a estética, criando ainda assim um produto vendável e funcional. Os profissionais devem ter flexibilidade no processo criativo, trabalhando muito os sketches, mas também, e talvez principalmente, ter conhecimento sobre o processo produtivo, o que já havia sido pontuado também por Nanni Strada em outra conferência.

Segundo ela, a sustentabilidade deve ser trabalhada em todo o caminho da produção. "O processo produtivo deve ser pensado", estudado desde o desenho e a modelagem, a escolha de matéria-prima até a produção, distribuição, e também é fundamental pensar no fim da vida do produto e o descarte.
Outros pontos comentados foram o de mostrar esse processo produtivo ao público para que seja valorizado por ele e também de entender a forma com que esse consumidor usa a sua roupa, a forma com que ele a conserva e também o que ele entende por roupa durável, para buscar atender a essas necessidades.

Foram destacados por Gwilt a necessidade de eficiência do material, da modelagem e do encaixe e também a de criação de modelos atemporais confeccionados com materiais duráveis.
Em se tratando do processo produtivo uma alternativa mencionada por Gwilt é a modelagem zero waste, que visa administrar os processos e produtos, à fim de que haja desperdício zero de matéria-prima, nesse caso, de têxteis. Também foi comentado sobre o Design Modular, que teoricamente, subdivide um sistema, no caso, a roupa, em partes, chamados módulos, que podem ser independentemente usados em diferentes composições, caracterizando-se pela funcionalidade, flexibilidade, redução de custos e otimização da matéria-prima.

Exemplo de modelagem e encaixe zero waste

Outro ponto foi a limpeza e conservação das peças de roupa, que costumam ter um gasto alto de energia e água, que poderiam ser adaptadas para agredir menos ao meio ambiente, produzindo artigos que necessitem ser menos lavadas, e encorajando as pessoas a lavarem menos as roupas. 
E, pensando que em algum momento o produto chegará ao fim, deve-se cogitar a utilização de têxteis recicláveis, visando as matérias-primas que tenham curtos períodos de decomposição. E aliando-se a isso, há a necessidade de averiguar de que material são feitos os aviamentos, para que esses também sejam recicláveis. 

Durante a Conferência Alison também apontou caminhos alternativos à compra, uso e rápido descarte das peças, que impera na sociedade atual.
Ela cita a customização e o reparo de roupas como uma prática que vem se popularizando aos poucos, com o intuito de que haja o reaproveitamento real de peças que já não são mais utilizadas. Entretanto, a customização ainda é vista por muitos como algo que custa mais caro do que adquirir peças novas, ou até, que a falta de habilidade para fazer reparos invisíveis seja um impedimento para tal realização. A designer sugere, então, que surjam incentivos para a utilização de reparos decorativos, ou seja, que esses, não sendo ocultos na peça, passem a ser vistos como ornamentação. Os brechós também trazem a ideia de evitar o consumo exacerbado, dando utilidade à produtos que não interessam mais quem os adquiriu, mas que podem ser uma saída para quem precisa de uma roupa nova. 

O compartilhamento de roupas é um outro caminho para diminuir o consumo excessivo. No caso do Brasil, é visto no aluguel de roupas para festa, que são utilizadas uma vez, e posteriormente, devolvidas à loja.

Alison também comentou que na Inglaterra os local business tem ganhado grande popularidade como influenciadores da massa local e como uma boa alternativa na sustentabilidade na prática da distribuição dos produtos. Além disso, eles têm condições para serem difusores de identidades regionais. Outro negócio que vem atraindo a atenção são os pequenos produtores de peças de luxo de alta qualidade, que são de cunho artesanal e sustentável, tanto no quesito ambiental quanto do trabalho humano.

Sustentabilidade na moda foi nos passado como esse repensar, reusar, reciclar, remodelar, reparar, recriar e reduzir, usando sempre materiais ecológicos e complementares na criação de roupas esteticamente bonitas e funcionais, que atendam ao seu público, causando o mínimo de impactos desde a sua idealização até o fim de seus dias.

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